Com falta de oxigênio no cérebro, a criança seria transferida para um hospital em Vitória. Mas a ambulância do Samu estava quebrada
Um recém-nascido morreu quatro horas após nascer e revoltou uma família na localidade de Tapera, em Venda Nova do Imigrante, que acusa o Hospital do município de negligência. A morte aconteceu na manhã de terça-feira (17).
Idelismere Fiorini Pereira, 20, estava grávida de nove meses, quando passou mal no último domingo. “A pressão aumentou muito e ela sentiu contrações. Então, a levamos ao hospital, mas o médico apenas injetou remédio de dor na veia e a mandou embora. Até levamos as roupinhas do bebê pensando que ela já seria internada”, contou o esposo José de Ávila.
Segundo ele, na segunda-feira (16), a esposa continuou passando mal e foi novamente levada para o hospital. “Só aí que o médico a internou. Quando era 5 horas da madrugada é que foram ver como ela estava, demoraram muito. Antes, ela me ligou desesperada pedindo para que eu pagasse uma cesária, mas não tinha dinheiro”, disse José, que trabalha como separador e embalador de feijão.
Ambulância quebrada
Idelismere foi para a sala de cirurgia na manhã de terça-feira, mas, segundo a família, a bolsa estourou antes do procedimento. “Fizeram parto normal nela, o bebê começou a ter problemas”, disse a prima Nildilene Pereira.
Com falta de oxigênio no cérebro, a criança seria transferida para um hospital em Vitória. “Mas a ambulância do Samu estava quebrada e, mesmo que funcionasse, não tinha balão de oxigênio”, contou o pai, que prosseguiu: “Ficamos um tempão esperando o hospital decidir o que fazer. Disseram que chamariam uma ambulância de Vitória, mas é longe. Aí, quando pensaram em transportar o bebê com a ambulância do próprio hospital, já era tarde”, disse José.
Henrique morreu por volta das 11 horas de terça-feira e foi enterrado na quarta (18) no cemitério do município. Ele seria o primeiro filho do casal. Idelismere teve alta e se recupera em casa.
“Ela está arrasada, era o nosso primeiro filho. Fui a Vitória pegar o resultado da autópsia, que disse que a morte foi por falta de oxigênio. Se tivessem internado minha esposa logo na primeira vez que a levei, talvez não tivesse acontecido isso”, lamentou José.
O outro lado
O Coordenador Médico do Samu, Alexandre Bittencourt, negou ao fato de que a ambulância estava quebrada e sem oxigênio.
“ Fizemos tudo o que foi necessário para atender a criança. Todas as nossas ambulâncias estão equipadas com dois cilindros e outros três cilindros portáteis, com condições suficientes para garantir oxigênio para o paciente. No caso específico, o problema da criança era grave e ela precisaria de um equipamento especial composto por uma maca adaptada e aquecida para recém-nascidos, o respirador e dois cilindros de oxigênio”, afirmou.
Segundo Bittencourt, houve um problema no inversor, que alimenta a aparelhagem elétrica. “Mas esse problema só interferiu na tomada e no giroflex da ambulância e a equipe optou por não transportar a criança em estado grave sem o giroflex. Enquanto fazíamos testes na peça e providenciávamos o transporte na ambulância do próprio hospital, a criança teve outra parada respiratória e o quadro evoluiu”, explicou.
O Diretor Administrativo do Hospital Padre Máximo, Márcio Garcia, informou que havia tomado conhecimento do assunto há pouco tempo e que apenas o Diretor Clínico teria as informações necessárias.
Fonte: Gazeta On Line
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