terça-feira, 16 de novembro de 2010

Fibria/Aracruz foi a empresa que mais ‘elegeu’ candidatos no Espírito Santo



A grande vitoriosa dessas eleições foi sem dúvida a Fibria/Aracruz. A empresa conseguiu eleger 21 candidatos, entre governador, senador e deputados estaduais e federais. Outra poluidora, a ArcelorMittal, foi a segunda empresa que “elegeu” o maior número de candidatos: 14. Na terceira posição aparece RDJ Engenharia, que “fez” nove candidatos. A Fertlizantes Heringer ajudou a eleger outros sete candidatos.

Para “eleger” 21 candidatos, a Fibria/Aracruz “investiu” R$ 1,3 milhão nas campanhas. Foram destinados R$ 250 mil para a campanha do governador eleito Renato Casagrande (PSB); R$ 150 mil ao senador eleito Ricardo Ferraço (PMDB); R$ 540 mil para oito dos dez deputados federais eleitos; e mais R$ 370 mil para 11 dos 30 deputados estaduais – mais de um terço da Assembleia.

Ao todo, entre vitoriosos e derrotados, a Fibria/Aracruz gastou R$ 1.625.000. A diferença de R$ 315 mil, empatada nos candidatos derrotados, revela que a empresa escolheu com muito critério em quem iria apostar. Para se ter uma ideia da precisão do prognóstico da Fibria/Aracruz, a empresa não “elegeu” apenas cinco candidatos que disputavam as proporcionais (Assembleia e Câmara dos Deputados), a candidata ao Senado Rita Camata (PSDB) e o também tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas, que concorreu ao governo do Estado.

Entre os federias eleitos, Lelo Coimbra (PMDB) foi o que recebeu a fatia mais generosa da poluidora: R$ 140 mil. Surpreende também a aposta que a empresa fez no candidato tucano César Colnago. Até a véspera da eleição, o ex-prefeito de Vila Velha Max Filho (PTB), da mesma coligação que Colnago, aparecia como o nome favorito para ocupar a primeira (e única) vaga. No entanto, a Fibria resolveu doar R$ 110 mil para a campanha do tucano acreditando em uma reviravolta, que de fato aconteceu.

Mais surpreendente ainda foi o fato de a deputada reeleita Iriny Lopes ter aceitado dinheiro da empresa. A petista, que tem uma história de luta pelas terras indígenas que foram apropriadas ilegalmente pela empresa, deixou as desavenças de lado para botar R$ 40 mil no caixa de sua campanha. Iriny, única parlamentar da bancada capixaba que aderiu à luta dos índios por suas terras, comemorou, ironicamente, a vitória nas urnas com a ajuda da Fibria/Aracruz e a assinatura do decreto.

A ArcelorMittal também pode se considerar vencedora dessas eleições. A empresa “investiu” R$ 1,5 milhão em 22 candidatos. Conseguiu “eleger” 14 candidatos, quase 64% de aproveitamento. Um terço do total gasto foi doado para a campanha de Renato Casagrande; Ricardo Ferraço recebeu R$ 170 mil; para os candidatos à Câmara foram destinados R$ 455 mil e, para Assembleia, mais R$ 150 mil.

Entre eleitos à Câmara, Lelo Coimbra, mais uma vez, o preferido do governador Paulo Hartung (PMDB), foi o candidato que recebeu a maior contribuição da poluidora: R$ 80 mil. A empresa também apostou suas fichas em Colnago, e destinou R$ 70 mil para o seu caixa de campanha.

Com dações bem mais modestas, a RDJ Engenharia também não fez feio. A empresa que atua na área da construção civil gastou R$ 526 mil para “fazer” nove candidatos. “Fez” o governador Casagrande (R$ 150 mil); o senador Ricardo Ferraço (R$ 30 mil); três deputados federais (R$ 95 mil) e mais quatro estaduais (R$ 65 mil).

A Fertlizantes Heringer ajudou a eleger o governador, um senador (Ferraço) e mais quatro deputados: dois federais e dois estaduais. Um bom resultado para uma empresa que gastou apenas R$ 380 mil nas campanhas.



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