domingo, 10 de abril de 2011

Bullying pode ter motivado massacre em escola do Rio


Um dos fatores para Wellington Menezes de Oliveira entrar na escola municipal Tasso da Silveira, na manhã da última quinta-feira (7), no Rio de Janeiro, e matar 13 crianças, pode ter sido o bullying. Segundo amigos dele e de sua família, o jovem era tímido, mantinha hábitos estranhos e teria sido muito zombado na escola quando estudante.

Psicólogos avaliam que sofrer humilhações e agressões no colégio nem sempre transforma a vítima em um adulto violento, já que quase todas as pessoas, em maior ou menor grau, já sofreram bullying.

No entanto, a agressão na escola somada ao desequilíbrio mental e à falta de orientação pode alimentar um perigoso desejo de vingança contra os colegas, afirma a pedagoga e consultora em violência escolar Cleo Fante.

Algumas vezes, a vítima de bullying passa anos remoendo as agressões sofridas e não faz nada, diz Cleo. Mas um episódio de impacto na vida da pessoa - no caso de Wellington, a morte da mãe - acaba servindo de gatilho para que ela coloque a vingança em prática.

Para o psiquiatra Gustavo Teixeira, o massacre na escola municipal, localizada em Realengo, na zona oeste do Rio, é apenas "a ponta do iceberg" de uma grande banalização da violência nos colégios. Autor do recém-lançado Manual Antibullying, ele critica a insegurança no cotidiano de estudantes e profissionais de educação.

- Não é um ato isolado. O clima de insegurança já existe nas escolas, com episódios frequentes de agressão, até pela presença de arma de fogo. A escola deixou de ser prazerosa e interessante para os alunos.

Onipresente

A violência está presente em todos os colégios, afirma a psicológa Mayra Gaiato, que trabalha com grupos terapêuticos para vítimas de bullying. O importante, ressalta ela, é que o colégio esteja aberto a tomar medidas pedagógicas para combater essa prática nefasta.

- Uma boa escola não é aquela que finge não existir bullying ou que encara a prática com normalidade. é necessário explorar o talento dos alunos para que eles possam se posicionar contra os agressores.

Mayra também chama a atenção para a necessidade de discutir sobre o tema na sala de aula. Para ela, episódios de bullying devem ser debatidos geral e individualmente com frequência.

Outros casos

O caso da escola de Realengo não tem precedentes no Brasil. Mas, em países como Estados Unidos e Alemanha, vários episódios semelhantes já aconteceram entre os estudantes. O caso mais famoso é o da escola de Columbine, nos EUA, em 1999.

Dilan Klebold e Eric Harris, alunos de Columbine, entraram armados no colégio e mataram 12 colegas e um professor, antes de se suicidarem. De acordo com os relatos dos sobreviventes, os jovens riam e diziam estar se vingando enquanto faziam os disparos. O incidente gerou vários casos parecidos pelo país.

Um dos mais recentes é o de 2007, na universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos. O estudante sul-coreano Cho Seung Hui matou 32 pessoas e deixou 15 feridos. Após cometer os crimes, o jovem cometeu suicídio. Ele alegava ser vítima de bullying, e deixou vídeos e fotos registrados.

Na Alemanha, Tim Kreshmer, vítima declarada de bullying, chegou a anunciar na internet seus planos para cometer uma chacina e colocou o massacre em prática. Ele executou 15 pessoas, trocou tiros com a polícia e, em seguida, se matou.

Fonte: Folha Vitoria



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