Um dos fatores para Wellington Menezes de Oliveira entrar na escola municipal Tasso da Silveira, na manhã da última quinta-feira (7), no Rio de Janeiro, e matar 13 crianças, pode ter sido o bullying. Segundo amigos dele e de sua família, o jovem era tímido, mantinha hábitos estranhos e teria sido muito zombado na escola quando estudante.
Psicólogos avaliam que sofrer humilhações e agressões no colégio nem sempre transforma a vítima em um adulto violento, já que quase todas as pessoas, em maior ou menor grau, já sofreram bullying.
No entanto, a agressão na escola somada ao desequilíbrio mental e à falta de orientação pode alimentar um perigoso desejo de vingança contra os colegas, afirma a pedagoga e consultora em violência escolar Cleo Fante.
Algumas vezes, a vítima de bullying passa anos remoendo as agressões sofridas e não faz nada, diz Cleo. Mas um episódio de impacto na vida da pessoa - no caso de Wellington, a morte da mãe - acaba servindo de gatilho para que ela coloque a vingança em prática.
Para o psiquiatra Gustavo Teixeira, o massacre na escola municipal, localizada em Realengo, na zona oeste do Rio, é apenas "a ponta do iceberg" de uma grande banalização da violência nos colégios. Autor do recém-lançado Manual Antibullying, ele critica a insegurança no cotidiano de estudantes e profissionais de educação.
- Não é um ato isolado. O clima de insegurança já existe nas escolas, com episódios frequentes de agressão, até pela presença de arma de fogo. A escola deixou de ser prazerosa e interessante para os alunos.
Onipresente
A violência está presente em todos os colégios, afirma a psicológa Mayra Gaiato, que trabalha com grupos terapêuticos para vítimas de bullying. O importante, ressalta ela, é que o colégio esteja aberto a tomar medidas pedagógicas para combater essa prática nefasta.
- Uma boa escola não é aquela que finge não existir bullying ou que encara a prática com normalidade. é necessário explorar o talento dos alunos para que eles possam se posicionar contra os agressores.
Mayra também chama a atenção para a necessidade de discutir sobre o tema na sala de aula. Para ela, episódios de bullying devem ser debatidos geral e individualmente com frequência.
Outros casos
O caso da escola de Realengo não tem precedentes no Brasil. Mas, em países como Estados Unidos e Alemanha, vários episódios semelhantes já aconteceram entre os estudantes. O caso mais famoso é o da escola de Columbine, nos EUA, em 1999.
Dilan Klebold e Eric Harris, alunos de Columbine, entraram armados no colégio e mataram 12 colegas e um professor, antes de se suicidarem. De acordo com os relatos dos sobreviventes, os jovens riam e diziam estar se vingando enquanto faziam os disparos. O incidente gerou vários casos parecidos pelo país.
Um dos mais recentes é o de 2007, na universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos. O estudante sul-coreano Cho Seung Hui matou 32 pessoas e deixou 15 feridos. Após cometer os crimes, o jovem cometeu suicídio. Ele alegava ser vítima de bullying, e deixou vídeos e fotos registrados.
Na Alemanha, Tim Kreshmer, vítima declarada de bullying, chegou a anunciar na internet seus planos para cometer uma chacina e colocou o massacre em prática. Ele executou 15 pessoas, trocou tiros com a polícia e, em seguida, se matou.
Fonte: Folha Vitoria
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