Fraude em licitações em Ecoporanga, Boa Esperança e Guarapari leva oito para a cadeia

A Operação Ramá, desencadeada nesta terça-feira (18) pelo Ministério Público Estadual, já levou para a cadeia oito das dez pessoas citadas em um grande esquema de fraude em licitações públicas nos municípios de Ecoporanga e Boa Esperança, no norte do Estado, e em Guarapari, na Grande Vitória. Além dos mandados de prisão, a Justiça expediu 18 mandados de busca e apreensão para serem cumpridos.

Foram aproximadamente cinco meses de investigações realizadas pelo Grupo Especial de Trabalho Investigativo do Ministério Público (Geti). De acordo com o MPES, o objetivo desse grupo era manipular os procedimentos licitatórios. O vereador e presidente da Câmara Municipal de Guarapari, José Raimundo Dantas, é apontado como coordenador do esquema de fraudes, que tem por trás a empresa KMD Construtora e Prestadora de Serviços.

A empresa teria vencido licitações nas prefeituras de Ecoporanga e Boa Esperança.Informação ainda não confirmada pelo Ministério Público dá conta que Dantas é um dos donos dessa empresa. Servidores da Câmara de Guarapari que trabalhavam diretamente no gabinete dele também foram detidos na operação. O vereador não foi localizado para comentar as acusações.As pessoas detidas foram encaminhadas para a sede do Geti, na Enseada do Suá.

Ainda restam duas pessoas a serem localizadas e presas pela polícia. Entre elas está o vereador e presidente da Câmara Municipal de Guarapari, José Raimundo Dantas e Marcelo Saprisqui que seria o dono da KMD. O advogado da KMD, João Alexandre Vasconcelos, declarou que a empresa não cometeu nenhum ilícito e que atualmente só mantém contrato com a prefeitura de Ecoporanga. Segundo o advogado, as denúncias sempre acontecem pois em situações como essa sempre há pessoas contrariadas com o resultado da licitação.

Em Ecoporanga duas pessoas foram presas. Uma delas é o presidente da comissão de licitação da prefeitura, Mauro Sérgio Carneiro. O outro é representante da KMD Construtora e Prestadora de Serviços, Marcos Santos. Em Ecoporanga, a KMD tinha contratos firmados para construção de uma piscina em um Conselho de Referência de Assistência Social (Cras); reforma de uma escola e a limpeza pública da cidade. Foram presos nesta operação Mauro Sérgio Carneiro, presidente da comissão de licitação da prefeitura de Ecoporanga; Marcus Santos, da representante da KMD em Ecoporanga; Cláudia Calente, Úrsula Silva e Lilian Locasso, servidoras lotadas no gabinete do presidente da Câmara de Guarapari; Anne Gouvea, presidente da Comissão de Licitação de Boa Esperança e Glauco de Oliveira e Luimer José Dias Rocha. funcionário da KMD.

O advogado de Cláudia Calente e Lilian Locasso, Lécio Machado, acompanhou o depoimento das duas durante a tarde desta terça-feira no Geti. Machado disse que as clientes dele apenas assessoram o vereador José Raimundo Dantas, na presidência da Câmara, e não tem contato algum com o departamento de licitação da Casa. Os advogados das outras pessoas detidas na Operação não foram localizados.Documentos e computadores foram apreendidos no prédio da prefeitura de Ecoporanga. Seis viaturas do Batalhão de Missões Especiais (BME), da Polícia Militar, que saíram de Vitória, participaram da ação.

O nome da operação faz referência à cidade-fortaleza bíblica Ramá, que foi invadida, capturada e fortificada, e teve todas as estradas fechadas. Ninguém poderia sair ou entrar.