quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

PF faz devassa na Serra atrás de ‘caixa 2’ da campanha milionária de Sueli Vidigal

O PAU QUEBROU PRO LADO DO CASAL VIDIGAL


Desde as primeiras horas desta quarta-feira (15), agentes da Polícia Federal, por determinação da Justiça Eleitoral, realizaram diligências para cumprir mandados de busca e apreensão nas empresas Grafitusa e Mosca Grupo Nacional de Serviços e na Secretaria de Serviços da prefeitura da Serra. A operação “Em Nome do Filho”, como foi intitulada, também apreendeu documentos e computadores no escritório de contabilidade de Marcos Antônio Teles Gonçalves, chefe de Gabinete do prefeito Sérgio Vidigal.

Além de Teles, a polícia prendeu mais quatro pessoas que estariam ligadas a um suposto esquema de “caixa 2” na campanha eleitoral da deputada federal reeleita Sueli Vidigal (PDT). Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nos municípios de Serra, Vitória e também em São Paulo.

As primeiras diligências aconteceram simultaneamente na Gráfica Grafitusa, em Jardim Camburi, Vitória, e na casa do empresário Túlio Samorini, dono da empresa. Em seguida, os policiais federais apreenderam documentos e computadores no escritório de contabilidade de Marcos Teles, no Centro da Serra. O chefe de Gabinete do prefeito Sérgio Vidigal foi também o contador da campanha milionária da deputada Sueli Vidigal.

Os policiais também recolheram documentos da Secretaria de Serviços da Serra, que mantém contratos com a empresa Mosca. O responsável pela empresa no Estado, identificado como Amilton, também foi detido. Ao mesmo tempo, policiais federais prendiam na capital paulista o empresário Alberto Piantini, dono da Mosca.

A quinta pessoas presa seria a servidora da prefeitura da Serra Nilza Aparecida Cordeiro Viana, lotada atualmente na Secretaria de Saúde do município. Nilza, que também é do PDT, foi uma das “sueletes” mais dedicadas na campanha vitoriosa que elegeu a amiga Sueli a terceira deputada mais votada do Estado.

Ao longo da investigação, a Polícia Federal verificou a ocorrência de outros crimes. O mais grave consistia em impor aos funcionários comissionados da prefeitura da Serra o apoio incondicional a Sueli Vidigal e a outros candidatos apoiados pela deputada. Caso o servidor se recusasse a seguir a recomendação dos assessores do casal Vidigal, corria o risco de ser exonerado. A prática, de acordo com a Justiça Eleitoral, configura crime de extorsão. A PF recomenda ainda que outros servidores que tenham sido vítimas desse crime procurem a Polícia Federal para formalizar a denúncia.

Das cinco pessoas presas, duas delas, além dos crimes cometidos, tentaram também interferir nas investigações, exercendo pressão sobre as testemunhas a fim de impedir ou influenciar os depoimentos. Tudo com o intuito de encobrir os crimes praticados.

Mosca e Sueli

A relação de proximidade entre a prefeitura da Serra e a Mosca Grupo Nacional de Serviços não é recente. Nas eleições de 2006, a empresa foi uma das doadoras de campanha da candidata que concorria à Câmara dos Deputados. À época, a Mosca doou R$ 50 mil à campanha de Sueli.

A empresa mantém contratos com a prefeitura da Serra. No dia 15 de maio de 2009, a prefeitura publicou no Diário Oficial do Estado o extrato de um contrato emergencial (299/2009) com a empresa Mosca Grupo Nacional de Serviços no valor de R$ 4.394.518,14. O contrato de 180 dias, firmado com a prefeitura, estabelecia que a empresa realizasse serviços de capina, pintura de meio-fio, limpeza de praias, manutenção de praças e jardins e coleta e remoção de resíduos.

No dia 24 de setembro de 2009, a empresa aparece no Diário Oficial do Estado como vencedora de uma licitação no valor de R$ 23.969.814,93.

Já no início de abril deste ano a prefeitura da Serra informa, conforme publicado no Diário Oficial do dia 7 de abril, que concedeu à empresa Mosca um termo aditivo, sobre o contrato inicial (582/2009) de R$ 23.969.814,93, de 30%, índice que reajustou o contrato para o valor global de R$ 31.118.789,45.

Durante a campanha, a PF chegou a prender funcionários da empresa e da prefeitura, que trabalhavam em conjunto para Sueli Vidigal. No dia 10 de outubro deste ano, policiais federais flagraram empregados da Mosca fixando propaganda eleitoral no município da Serra, localidade de Areinha. A empresa alegou à época a PF que “possui contrato com o município da Serra e, portanto, está impedida de prestar qualquer tipo de serviço com fins partidários/eleitoral (art. 346 do Código Eleitoral)”.

Fonte: Folha Vitoria


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